quinta-feira, março 26, 2009

A contestação virou negócio. Mas, talvez, tenha virado porque deixou de ser contestação. Ou deixou de ser por ter virado negócio. Enfim... Fios emaranhados demais para identificar as pontas.

O fato é que a contestação deve ser a do camaleão, mudar as cores num movimento constante, pois logo ao nascer já tende a ser domesticada. Minha rebeldia logo vira rebeldia de butique. Não há como fugir desse processo no mundo contemporâneo. Daí que, diante do fato, só resta agir.

No oceano dos simulacros, porém, alguma verdade deve emergir. As coisas não estão bem para um monte de gente no mundo e é imoral não observar isso criticamente. Só isso já é o bastante para pôr em giro o motor que entorta a norma. Ainda que “a conjuntura não seja favorável” (às vezes parece que nunca será), não há como não soprar as brasas de novas esperanças.

Exércitos poderosos, bombas atômicas e indústria cultural: sim, os muros são altos demais para nossas ações tão fragmentadas.

Os conservadores estão na espreita, não brincam em serviço e entendem muito de pão e circo.

A arte de vanguarda de ontem virou a arte entronizada de hoje. O que se deve destruir é a propensão a construir altares.

Se o vírus da propaganda se espalha, corra e lance um vírus de contrapropaganda (como na letra do Nação Zumbi).

Então, tá... Este texto logo será embalado, domesticado, consumido por um garoto bem nutrido que curte viagens revolucionárias, e que pode pagar uma velox para ler blogs na internet.

Mas há outra maneira? Escolha agir ou não-agir. Armas ou discursos em punho. O mundo está por demais atolado num turbilhão de significados, interpretações, deturpações, etc.

Soprando as brasas da revolução...

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Há semanas só olho os reflexos do espelho.
Às vezes falta ar aos pulmões.
Mas o sangue prossegue o seu calvagar
Pela estrada ... vermelho

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Num telejornal noturno, num sábado de Carnaval, na Rede Record, a notícia de que o governo do Rio Grande do Sul não consideraria válida a formação dada aos alunos das escolas mantidas pelo MST.

Aqui, mais uma vez, o Estado desempenha sua função de agente disciplinador.

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Se não trabalhar com fragmentos, não conseguirei mais compor nada.
Perdi a linha do pensamento em alguma linha de trem,
que cruzava uma estrada empoeirada.

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Os retalhos estão aí.
Perplexos assistem ao turbilhão de coisas.
FFFFFFFFFFFFFFFFFFFFoda-se

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A solução é filosofoda.

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Penso, logo existo?
Não.
Existo, logo penso.

(((

Yyyyyyyyyaaaaaaaaaaaaaaaajssssssssssakllllllllllllllllliwwqqppppppppppppppso

Lsssssssskqpppppppppppppppdkdddddddddddddddd


HHHHH

Aí, você pode me dizer: “Cara, você é um ‘rebelde de blog’”.

Ok, isso não me ofende. De fato, é fato.

O que eu cá, sentado nesta confortável poltrona, bebendo meu vinho de supermercado numa caneca de plástico, posso entender de rebelar-se? Que ação concreta eu estou fazendo para revolucionar, sacudir, desbaratinar, descabelar os pentelhos do sistema?

Conheço uma pá de amigos que agem sem pensar nos senões. Gente que arregaça as mangas e faz algo, nem que seja um peidinho perto da explosão que se deveria produzir para rachar, ainda que de leve, a sólida cara do status quo.

Chega dessas eternas férias no balneário da alienação.

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1 Comments:

Blogger Anderson Pires da Silva said...

como disse chico sciense: "um passo a frente e você já não está mais no mesmo lugar". é preciso renunciar as ilusões, para não renunciar a vida, e toda essa monotonia e tédio, "retirarmos algo e com ele construímos um artefato, um poema, uma bandeira" (f. gullar. "agosto 1964")

3:11 PM  

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