domingo, setembro 24, 2006



###A Grande Ressaca###

E, de repente, mendigos, cafetões, putas, vagabundos, boêmios, andarilhos e drogados tomaram a voz do “líder”, expulsaram seus assessores e conclamaram todos a derrubar os ícones.
O Velho Teórico ficou louco. Não havia previsto aquilo. Aqueles, segundo sua opinião, não poderiam ter a visão “mais avançada” da situação. Segundo o Velho, eles inevitavelmente nos levariam ao caos, à “anarquia” generalizada.
Uma puta de dezenove anos encontrou o Velho Teórico tentando se esconder atrás de 200 quilos de anotações. Ela deu um suave beijo em sua testa enrugada para, em seguida, disparar um tiro certeiro na marca de batom.
Os Homens de Vanguarda tentavam se abrigar no Grande Edifício dos Ícones, onde pediam ajuda aos Gordos Dirigentes. Ambos se abraçavam e praguejavam a petulância daqueles vagabundos.
- Isso fugiu de nossas regras. Eles estão atropelando a Irresistível Lei dos Fatos – disse o Homem-Mor de Vanguarda.
- Vocês incitaram esses vagabundos irresponsáveis! A preservação dos Sagrados Ícones deveria ser garantida. Não havíamos entrado num acordo sobre isso? – perguntava o Grande Gordo Dirigente.
Lá fora um potente movimento lúdico misturava luta armada com carnaval. O Mendigo Colorido subiu na sacada do Grande Edifício dos Ícones e, como primeiro ato revolucionário, leu poesias que fundaram a Constituição Poética dos Novos Tempos. E, no fim, decretou a morte do homo aeconomicus e do homo faber.
- A partir de hoje, declaremos a vigência plena do homo ludens. Vinho aos bons bebedores! – concluiu o Mendigo Colorido.
No interior do Grande Edifício dos Ícones, uma festa foi organizada pela Puta Perfumada. A Sociedade Lúdica inaugurar-se-ia “oficialmente” apenas no dia depois do imediato amanhã, que seria inteiramente dedicado à recuperação dos corpos no que entraria para a história como A Grande Ressaca.

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4 Comments:

Blogger Carrie, a Estranha said...

Humm...posso ser chata? Não gosto qdo vc escreve assim. Parece um pouco panfletário demais. Talvez vc diga q foi essa a intenção. Certamente é uma questão de gosto...ou de posição política...não sei. Cada vez mais gosto de coisas mais, digamos, tortas. Indiretas.

Bjs

7:07 PM  
Anonymous Anônimo said...

é inevitável: "estilos" diferentes para personagens distintos...

o "panfletário" me habita e, de vez em quando, sai e grita.

mas ainda haverá muita coisa torta/indireta por aqui...

só não consegui ainda ser um só! rs

abs

12:05 PM  
Blogger Fernando Beserra said...

Mas poder ser um, que são tantos, não é que nos torna tão bonitos? Quem não tem dentro de si uma vasta espécie de eu´s? Eu gostei do texto, especialmente pela poesia e pelo lúdico revolucionário.. =)

1:45 PM  
Anonymous Anônimo said...

Muito bom. hehe

Esse texto tem um potencial anárquico impressionante. É o maio de 68 teatralizado.

E eu já imagino quem seja o "Velho Teórico"... rs

Abaixo o "marxoquismo", diria o Fernando! rs

11:07 PM  

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